Meu júbilo, minha alegria deve ser hoje repartida com
os muitos que me viram sofrer.
Foram tempos de agonia, onde as dúvidas, o medo e as
lamúrias muito tempo de mim consumiram.
Eu nunca havia de fato entendido a questão da
imortalidade da alma. Era para mim um conceito, cuja abstração o afastava da
minha realidade.
E cego, ia tocando a minha vida, deixando que o medo
tomasse conta de mim e ditasse como eu passaria meus últimos tempos na Terra.
Pode a você parecer que depois de tanta luta eu tenha
perdido a batalha ao final, por haver me despojado do meu corpo físico.
Eu, encarnado, assim também via meu quadro e me
lamentava profundamente da minha dor.
Perdi muito tempo assim, tempo esse que eu poderia ter
melhor aproveitado, vivendo de fato e não paralisado pelo medo. Mas nem sempre
se acerta, não é mesmo?
Hoje vim aqui para dizer que não perdi. Sai dessa
batalha vitoriosa. A dor, que cheguei a maldizer, era mensageira de alívio ao
espírito. Ela expurgou de mim anos de desequilíbrio, limpando minha alma para
que eu retornasse à pátria espiritual muito melhor do que daqui outrora sai.
Venci, porque ao me despojar de meu corpo físico não desapareci.
Continuo viva, continuo sendo eu, eu não desvaneci no tempo e ainda hei de
encontrar cada um de vocês, meus queridos companheiros, um dia do lado de cá.
Por isso, não tenham medo. Lutem para vencer os
desafios sem desequilíbrio. Não se lamentem, muito há de ser esclarecido do
lado de cá.
A saudade às vezes me assalta, mas aprendi que ninguém
está desamparado e que colocar-se nas mãos do Pai e confiar nos economiza anos
de dor e angustias desnecessárias.
Por isso, confia o teu destino a Deus, que sabe o que
é melhor para você.
Viva sua vida com plenitude, sem se preocupar em
demasia com o amanhã.
E, acima de tudo, viva com alegria, com fé e esperança
e, no caminho, espalhe felicidade e amor.
Essa é uma vida curta, não há como desse fato fugir. Mas
a vida espiritual, ah essa lhe trará infindáveis surpresas.
Não tema o futuro e não chores mais por mim. Eu estou
muito bem.