Enquanto o mundo se perde nas sombras da ignorância e do
egoísmo, quem cuida de mim?
Enquanto eu espero sem que ninguém me perceba, quem cuida de
mim?
Enquanto as pessoas se refastelam em banquetes gastronômicos,
quem cuida de mim?
Quando as gotas de chuva se misturam às minhas lágrimas e
encharcam meu rosto, quem cuida de mim?
Enquanto a noite mais uma vez me chega, trazendo o frio e o
desespero, eu me pergunto mais uma vez, quem cuida de mim?
Estou só porque não tenho ninguém nesse mundo.
Estou só porque pareço ser invisível a todos.
Estou só porque de algum modo não devo merecer o carinho ou a
atenção de ninguém.
Mas, por Deus, eu gostaria que alguém cuidasse de mim.
Nenhum de vós ainda compreendeu o verdadeiro sentido da
caridade. Costumas jogar as migalhas do que tens, seja material ou
emocionalmente, àqueles que te atravessam o caminho e te justificas, as mais
das vezes, afirmando que nada pode fazer.
Meu irmão, a vida é um constante ir e vir, tal como uma onda
no mar.
Hoje tens recursos, muitos de vós tens além do necessário,
mas e se o amanhã te reservar a dor extrema do desamparo material e do
desamparo emocional?
E se for tu a clamar por alguém que cuide de você?
Será que você se contentará com as migalhas que hoje lanças
aos outros?
Como te sentirás na rua sozinho e desamparado a clamar por um
auxílio que parece não chegar nunca.
A fome é hoje, não é amanhã.
A dor é agora, não daqui a pouco.
O frio rasga minhas últimas energias e eu ainda estou aqui a
perguntar: quem cuida de mim?
Não se esqueça disso na próxima vez que me ver na rua, porque
eu não me esquecerei de você!
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